1- O que é a periodontite? Como diagnosticá-la?
A periodontite é uma doença infecciosa complexa com vários agentes causais e pode ser definida pela perda patológica de ligamento periodontal e osso alveolar. Geralmente, é uma doença proveniente da evolução da gengivite. Leia o post Gengivite: Existe algum remédio?
Pode ter origem na infância ou adolescência, mas geralmente têm origem no início da vida adulta e em menor quantidade em anos posteriores.
O diagnóstico periodontal baseia-se atualmente em critérios clínicos e não etiológicos, e fornece orientação terapêutica limitada. Ou seja, o dentista é o melhor profissional para o diagnosticar e tratar esta doença crônica.
Existem dois tipos principais de periodontite e um mais recente que surgiu com o advento dos implantes dentários:
- Periodontite Agressiva que é geralmente atribuída aos jovens cujo sinais e sintomas da doença são de difícil diagnóstico, pois a progressão da doença é muito rápida.
- Periodontite crônica é um diagnóstico dado ao tipos adultos da doença, que pode ficar em estado latente por 5-6 anos em até 85% das pesssoas
- Peri-implantite é a doença periodontal que ocorre nos implantes dentários, e afeta significativamente mais os fumantes e indivíduos com má higiene bucal.
Todos os tipos diferem quanto aos tipos de bactérias, vírus e defesa imune dos indivíduos envolvidos.
2- Qual é o tratamento para a doença periodontal?
Como toda a doença, tem um ótimo prognóstico quando diagnosticado e tratado precocemente. O tratamento periodontal consiste em diversos passos e depende do tipo de periodontite:
Periodontite crônica leve a moderada:
- Uso de terapias não-cirúrgicas como raspagem mecânica manual ou com ultrassom, profilaxia e aplicação de flúor
- Instrução de cuidados de higiene bucal. Leia o Como escovar os dentes corretamente?
- uso de enxaguantes anti-sépticos;
- as vezes, antibióticos;
Periodontite crônica avançada:
- uso de intervenção cirúrgica
- uso de antibióticos
- terapia cirúrgica plástica gengival que inclui o enxerto de tecidos moles para cobrir superfícies expostas de raízes e enxerto ósseo para fornecer suporte para os implantes.
- substituição dos dentes perdidos, ausentes ou gravemente doentes pelos implantes dentários inclusive em pacientes mais idosos
- utilização do tratamento a laser para periodontite.
3- Os cuidados com higiene bucal são eficazes na prevenção da doença periodontal?
Os cuidados com a higiene bucal visam remover a placa bacteriana e diminuir a necessidade de intervenção do profissional. Os métodos de remoção de placa bacteriana são incômodos para o paciente e não mudaram nos últimos 50 anos. O desenvolvimento de novos produtos para higiene são lentos e muitas vezes inacessível ao grande público.
Estudos recentes mostraram que o uso do bochecho contendo hipoclorito de sódio 0,25% (Clorox Regular Bleach) por 3 meses, duas vezes por semana juntamente com escovação dentária e fio dental, aumentou em 94% de superfície livre de placa bacteriana e 421% no número de gengivas sem sangramento.
Já outros enxaguatórios bucais como o o Digluconato de Clorexina 0,12% (Periogard) e o Triclosan (Plax) se mostraram ineficientes após 6 meses de uso e promoveram a resistência bacteriana. Já enxaguatórios a base de álcool (Listerine) se mostraram arriscados especialmente em fumantes, cujos efeitos adversos, como o câncer, são difíceis de serem estabelecidos em estudos epidêmicos.
4- A cada quantos meses um paciente com periodontite deve retornar ao dentista?
Doenças periodontais tem um período de repovoamento bacteriano de 3 a 6 meses após o último tratamento periodontal. De praxe o retorno dos pacientes de 30 a 45 anos até idades avançadas são marcados após 6 meses.
Intervalos menores podem ser determinados pelo dentista de acordo com a agressividade da doença e situação periodontal do paciente. Diabéticos, fumantes, pacientes com má higienização e os submetidos tratamentos quimioterápicos e radioterápicos devem ser controlados em um intervalo menor.
5- A doença periodontal pode provocar doenças sistêmicas?
Estudos fornecem evidências da ligação de periodontite grave com pelo menos 43 doenças específicas. A associação com o Herpes vírus resultam em doenças em todos os órgão do corpo, rim, fígado, pâncreas, coração, cérebro, pulmões, estômago, supra-renais, genitália, olhos, vasos sanguíneos, intestino, articulações, pele e glândulas salivares.
Por exemplo, o citomegalovírus pode passar através da placenta para o feto e causar graves defeitos congênitos e pode, juntamente com vírus herpes simplex, contribuir para a aterosclerose.
O vírus Epstein-Barr é um carcinógeno associado ao carcinoma na nasofaringe, carcinoma gástrico, linfoma de Burkitt, Linfoma de Hodgkin, linfoma não-Hodgkin e linfoma extranodal natural killer / célula T (tipo nasal), e em tumorigênese oral. A liberação de citocinas pró-inflamatórias induzida por herpesvírus também podem agravar doenças sistêmicas.
Além disso, a capacidade de um periodonto infectado por herpesvírus, pode causar super crescimento bacteriano que pode explicar, pelo menos em parte, a relação entre bactérias da periodontite e doenças sistêmicas.
A doença da varicela zoster, pode servir como modelo para ilustrar a ligação entre os herpesvírus da doença periodontal e doenças sistêmicas. O herpesvírus varicela zoster causa catapora em crianças não vacinadas, seguido por uma latência e replicação ao longo da vida nos gânglios da raiz dorsal ou cranianos, dos quais o vírus pode reativar durante os tempos de imunidade celular reprimida (por exemplo, estresse psicossocial, envelhecimento) e se transportar ao longo nervos sensoriais para produzir hérpes zóster em dermátomos distantes.
Da mesma forma, o citomegalovírus periodontal e o vírus Epstein-Barr podem reaparecer durante eventos imunossupressores e se disseminar através do sistema circulatório para outros locais que não a boca. Estes herpesvírus, ao contrário do vírus herpes zoster, demonstram manifestações clínicas distintas e geralmente passam despercebidas. Tomados em conjunto, os herpesvírus periodontais
têm acesso à circulação sistêmica e podem infectar diversos locais fora da boca, fazendo o herpesvírus
ser o candidato periodontal mais provável para doenças sistêmicas e um alvo de terapia profilática.
A raspagem periodontal, quimioterapia anti-herpesvírus e lavagem bucal regular com hipoclorito de sódio, podem proporcionar uma adequada e duradoura supressão de herpesvírus periodontais. No entanto, métodos tradicionais de higiene bucal podem não garantir condições periodontais saudáveis e a remoção de herpesvírus.
Mesmo assim, o tratamento periodontal adequado ou mesmo a extração de todos os dentes não previnem doenças em locais do corpo já infectados com herpesvírus, implicando em medidas preventivas contra o herpesvírus periodontal logo nos primeiros sinais de sangramento gengival espontâneo.
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